Era uma bela manhã de segunda feira, isso é se podemos chamar de bela qualquer manhã de segunda, pra mim são as piores, depois da balada de domingo, encarar bem de manhã o inicio de uma nova semana, que saco! Ainda mais pra mim, que todas as manhãs acordo com um hiper mal humor matinal. Já tentei de tudo mas só depois de umas duas horas eu fico melhor, um pouco melhor, pois o meu gentil não é dos melhores. O caso que vou lhes contar se deu numa dessas manhãs, e pra piorar, na noite de domingo tive uma briga horrível com meu namorado por ciúmes, brigamos feio, ele disse que estava tudo terminado, mas se vamos terminar alguma coisa, sou eu quem deve fazer isso. Acordei, liguei pra ele, o celular desligado, bom, deve estar dormindo. Me arrumei, uma legue preta cobria meu belo traseiro, empinadinho de academia, um micro vestido por cima, para esconder um pouco a transparência da calça, um belo salto preto, uma maquilagem leve, cabelos longos e negros soltos, pra ficar bem sensual... Estou pronta!

 

Liguei de novo, continua desligado. Liguei na casa dele, a mãe atendeu. Quando ouviu minha voz me tratou com a mesma indiferença de sempre, ela não gosta muito de mim:

 

- Vou ver se está acordado - Disse com aquela voz de pouco caso.

- O Paulinho mandou dizer que não está, você quer deixar recado?

- Quero, diz pra ele @%$#*&#@%¨&*#@, obrigada e tenha um péssimo dia!

- Menina mal educada,se fosse minha filha, eu esquentava seu traseiro com uma bela surra...

 

Não quis nem saber, desliguei o telefone na cara dela. Que ódio! Peguei as chaves do carro novinho que tinha ganhado do meu pai como presente dos meus 18 anos. Já disse que tenho 18 anos? Acho que sou mal educada mesmo, meu nome é Júlia, tenho 18 anos, e tirei minha carteira a duas semanas. Meu pai me deu esse carro pra facilitar minhas idas e vindas e ter mais liberdade para sair, mas ele não queria que eu fosse ainda para a faculdade dirigindo, pois o transito é muito complicado neste horário, ele acha que eu deveria dirigir só no bairro até pegar mais prática. Que se dane, estou atrasada, mal humorada, e além do mais, eu sei o que estou fazendo.

 

E assim fiz, fui dirigindo até a faculdade, e olha estava indo muito bem, poucos motoristas me xingaram, quase não errei nada, acho que fui bem.

 

Perto da faculdade tem uma espécie de shopingzinho, um comércio maior, unido, e lá tem uma padaria onde costumo tomar café da manhã todos os dias. Estacionei, e tomei o meu café rotineiro. O celular não parava de tocar, hora meu pai, hora o Paulinho, os dois com certeza queriam brigar comigo, não atendi ninguém.

 

Cafezinho tomado, vamos enfrentar os chatos dos professores pelas próximas cinco horas. Quando fui sair do estacionamento, manobrando de ré, que nem de longe é meu forte, ouvi uma forte e contínua buzina, mas continuei, eu vi o carro atrás do meu e vi que não bateria nele. Novamente a buzina, que saco. Continuei. E dessa vez não era a buzina e sim um:

 

- Sua doida, vai pilotar um fogão...

 

A essa altura eu vou ouvir uma dessa? Continuei a ré até encostar no carro desse mala, não bateu só encostou. O homem ficou possesso. Ouvi a porta do carro bater:

 

- Ô menina, você não enxerga? Não escuta? É louca, ou o que? 

 

Desci do carro pronta pra brigar. Quando eu olhei, vi um homem mais velho, deveria ter uns 45 anos mas bem atleta, meio grisalho, vestindo um terno preto, bonitão até, tirando o paletó e jogando dentro do carro com cara de poucos amigos. Veio vindo em minha direção gesticulando e xingando meia dúzia de palavrões e ofensas:

 

- Menina, se não sabe dirigir pega um ônibus, vai a pé, se vira, ou vai brincar de boneca em casa, sua louca!

- Vou te mostrar a louca.

 

Fui furiosa até ele e num golpe só tentei acertar um tapa no rosto dele. Ele segurou minha mão antes que o atingisse, me virou de lado e me deu uma palmada no bumbum. Que audácia, nunca tinha apanhado antes, aquela palmada pegou bem de jeito.

 

- Menina, não faz isso de novo.

 

Fiquei louca, com a outra mão tentei acertar outro tapa nele, ele de novo me segurou:

 

- Tudo bem, se você é louca eu sou bem mais que você.

 

Ele me puxou pelo braço, colocou o pé sobre uma espécie de meio fio e me debruçou sobre sua perna, e me deu umas cinco palmadas bem estaladas. Senti meu bumbum arder, e meu ódio só aumentou. Quando ele me soltou, avancei sobre ele, e acertei um belo bofetão em seu rosto. Não deveria ter feito isso. Ele me pegou firme pelo braço, me levou arrastada até um banco de concreto do estacionamento, se sentou, me colocou de bruços sobre o joelhos, levantou me vestidinho e começou a maior surra da historia da minha vida. Ele ergueu a mão imensa e desceu forte a primeira palmada, e outra e outra... eu não aguentando de tanta dor e vergonha, esperneava, me contorcia tentando me livrar do colo dele, mas de nada adiantava, ele batia cada vez mais forte e não se cansava nunca. Comecei a chorar e a implorar para que ele me soltasse:

 

- Por favor, para, tá doendo...

- E vai doer muito mais menina.

 

Plaft, plaft, plaf...

 

- Me solta, está me machucando...

- Mas é pra machucar mesmo, e vai machucar muito mais.

 

Plaft, plaft, plaft....

 

Tentei colocar a mão na frente pra ver se ele parava mas foi inútil, ele torceu me braço para traz e continuou a surra. Nem sei quanto tempo ficamos ali, mas pra mim, foram horas, acho que ele me bateu tanto que perdi a sensação do bumbum. Não aguentando mais, já sem forças e chorando como uma criancinha no colo do papa, aprendi uma lição que trago comigo até hoje, pedir desculpas:

 

- Me desculpe, não faço mais... Ele sem parar de bater nem um segundo disse: -Desculpar o que?

 

Plaft plaft plaft plaft....

 

- Ter te batido.

- Só isso?

 

Não sei como ele conseguia, mas ele bateu mais forte ainda, e cada palmada era mais forte que a outra.

 

- Ter batido no seu carro, ai...

- Só isso?

- O que mais? Eu não sei, por favor, me desculpa, tá doendo muito...

- E a malcriação?

 

Plaft plaft plaft plaft......

 

- A malcriação também, me solta...

- Então fala direitinho.

- Me desculpe, eu fui mal criada com você, por favor me solta.

- Vai fazer isso de novo?

- Não.

- Tem certeza?

- Eu prometo não vou me comportar mal de novo, agora para!

 

Eu chorava desconsolada. Ele sem dó desceu a última palmada, tão forte que parece ter marcado meu traseiro para sempre. Me pôs de pé, eu nem aguentava ficar em pé direito, arrumou meu vestido, me pegou novamente pelo braço, me levou até meu carro, me colocou sentada, fechou a porta e disse:

 

- Você vai puxar seu carro para frente, esperar eu estacionar o meu, e depois vai sair de ré bem devagar. Eu estarei te olhando, se não fizer direitinho oque eu mandei, você vai levar outra surra muito pior, tanto que não vai sentar esse seu bumbum empinadinho por semanas, tudo bem?

 

Balancei a cabeça como comprovação. Ele pego meu rosto molhado de lágrimas com firmeza, para que eu pudesse olhar em seus olhos.

 

- Fala menina, você entendeu?

- Sim, eu entendi, vou fazer desse jeito.

- Muito bom, boa menina.

 

Puxei o caro bem devagar para frente, esperei que ele estacionasse o dele, e fui saindo de ré bem devagar, com muita atenção, tudo direitinho como ele tinha mandado. Fui saindo bem devagar, e rápido cheguei a faculdade. Fiquei ali algum tempo, chorando sobre o volante. Quando me acalmei, desci meio desengonçada, não podia nem andar direito, fui assistir minhas aulas, como uma boa menina. Não me arrependo de nada, só de não ter pego o telefone daquele homem maravilhoso, que até hoje mora nas minhas fantasias mais secretas.

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